segunda-feira, 21 de novembro de 2011

                  Consciência negra cresceu

Em plena Semana da Consciência Negra, minha memória retrocede até 1988, ano que cheguei a São João del- Rei, transferido da Universidade Federal do Maranhão para a recém-criada FUNREI. Logo no primeiro mês, encaminhado pelo prof. João Bosco de Castro Teixeira, nosso primeiro reitor, me integrei à Assessoria de Comunicação - ASCOM- com Weber Neder Issa à frente de uma equipe muito enxuta e divertida - Andréia Bini, Adriana Neves, Lili e Caju. A missão principal que me atribuiram foi a de produzir o noticiário do Boletim Informativo da Instituição. Nesse trabalho de reportagem e redação, além da orientação de Weber, contava também com a colaboração de Edson da Paz. 
Pois bem, vamos voltar ao assunto que impulsiona esse registro da memória, a Semana da Consciência Negra. No terceiro número do Boletim FUNREI, matéria de capa (foto ao lado) era sobre o I Painel da Consciência Negra, realizado dia 21 de maio de 1988, no Teatro do Campus Santo Antônio. Ao lado da ilustração desenhada pelo publicitário Mauro Marques, um título enfatizava: "Cem anos depois, o negro ainda luta pela libertação".
 Promoção da Divisão de Assuntos Comunitários e do Núcleo de Artes do Departamento de Letras da FUNREI em parceria com o Movimento São-joanense de Cultura Afro-Brasileira- MOSCAB- o painel, coordenado pela liderança histórica da profa. Maria José Cassiano, apresentou seis depoimentos de representantes de movimentos de Cultura Negra de Minas Gerais e do Rio de Janeiro. As atividades se encerraram no dia 28 de maio, com uma apresentação da Lira São-joanense e palestra do prof. Abgar Tirado Campos sobre " O negro na música brasileira".
Quase 24 anos depois, há ainda muito que conquistar para que o negro tenha o espaço que merece na sociedade brasileira. No entanto, se o MOSCAB se extinguiu, podemos comemorar o avanço da consciência negra, na agora Universidade Federal de São João del-Rei. Convênios de intercâmbio com países africanos viabilizaram a vinda de vários estudantes para a UFSJ. De Cabo Verde, Guiné Bissau, Angola, Gana e outras nacionalidade, jovens alunos e alunas trouxeram para São João del-Rei todo o requinte da complexa cultura africana. Eles nunca foram muitos, mas com enorme simpatia, chegaram inclusive a promover Semanas de Cultura Afro.
O mentor de outra mudança significativa foi o prof. Manuel Jauará. Sua ação em projetos de pesquisa e extensão na região tem sido decisiva no resgate da cultura negra. O trabalho que realiza para afirmação da dignidade social do negro encontrou reconhecimento de diversas instituições do país e ganhou grande visibilidade na mídia nacional.
Lá de maio de 1988, eu, repórter que cobriu aquele I Painel da Consciência Negra da FUNREI, vejo com muito orgulho o quanto que avançamos. Se isso não for ainda satisfatório, pelo menos é um poderoso estímulo para acalentar a esperança de  que conseguiremos muito mais no futuro.