quinta-feira, 10 de novembro de 2011

A poesia de Drummond em forma de filha 31 de outubro de 2011

Hoje é aniversário de minha filha, Anita. E a crônica desta semana relembra um acontecimento surpreendente. Quando Lúcia, minha mulher, estava grávida de Anita, eu, um incondicional apreciador da obra e da personalidade de Carlos Drummond de Andrade, vivia repetindo: “ se nascer menino vai se chamar Carlos”.
Ao menos conscientemente, eu nem sabia a data de aniversário de Drummond. Na segunda quinzena de outubro, já próximo da data provável do parto, ainda sem certeza do sexo do bebê que viria (os recursos técnicos da época até permitiam que se identificasse o sexo, mas eu e Lúcia pedimos ao ginecologista, Dr. Denis, que não nos dissesse nada), eu insistia no que para mim era uma brincadeira: “ O Carlos está chegando”.

O mês de outubro estava acabando, mas na manhã do dia 31, Lucia passou a sentir contrações cada vez mais freqüentes. Às 12.30, no setor de maternidade do Hospital Alberto Einstein (por incrível que pareça hoje, naquele tempo em que os planos de saúde eram restritos a uma pequena parcela da sociedade, era possível a um casal de assalariado pagar as despesas de um hospital de primeira linha) , no bairro do Morumbi, em São Paulo, Anita despontou, linda e saudável, proporcionando uma felicidade imensa a toda família.

Prontamente examinada pelas mãos competentes da pediatra, Dra. Águeda, nos tranqüilizamos totalmente com a notícia de que tudo estava perfeito com Anita. À noite, ainda no Hospital, ao acompanhar o noticiário pela televisão fiquei perplexo com a matéria sobre o aniversário de 77 anos de Carlos Drummond. Comentei com uma sonolenta Lucia: “Olha, e não é que Anita nasceu no mesmo dia que Drummond!”).

Os anos se passaram e a cada 31 de outubro Lucia e eu nos recordamos desta história, agradecidos pela sensibilidade de Drummond , que nos presenteou com o que seria, para nós, o mais belo poema de sua/nossa autoria.


































Nenhum comentário:

Postar um comentário